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A grande aposta de um gigante de Hollywood
Se existe algum interesse da Annapurna Pictures em entrar no ramo dos blockbusters de Hollywood, eles não deixam isso transparecer. Enquanto outros grandes estúdios buscam o próximo filme das suas franquias de sucesso, a produtora novata ‑fundada em 2011 por Megan Ellison (filha do bilionário da Oracle, Larry Ellison) ‑ tem realizado, ano após ano, filmes criativos e provocativos, como A Hora Mais Escura, Ela e Festa da Salsicha, o polêmico desenho animado para adultos.
A pequena divisão de videogames da Annapurna está igualmente desinteressada em seguir as tendências do mercado. É bem improvável que o departamento, liderado por ex-funcionários da Sony Playstation e da Warner Bros., tenha planos de criar versões interativas dos filmes da Annapurna, como Trapaça ou Detroit em Rebelião. Em vez disso, eles têm feito parcerias com desenvolvedores de jogos independentes, pois acreditam que suas ideias ousadas compensam os riscos.
“Sempre fomos atraídos por artistas criativos, e existe muitos desenvolvedores interessantes nesse campo que se arriscam e desafiam noções preconcebidas sobre o que os jogos podem ser”, explica Nathan Gary, chefe de jogos na Annapurna Interactive. “Ainda é um meio relativamente novo, por isso há muita experimentação a ser feita em termos de mecânica, temáticas e tom”.
A Annapurna reuniu um time estrelado de colaboradores indie, muitos dos quais se tornaram celebridades por méritos próprios. Ken Wong, designer chefe de Monument Valley, está na equipe de um novo jogo experimental para iOS. Ben Esposito, designer chefe de The Unfinished Swan, da Playstation, está trabalhando no Donut County, um estiloso quebra‑cabeça com princípios de física e controles intuitivos. E Sam Barlow, criador do aclamado Her Story, está fazendo parte da sua aguardada continuação, Telling Lies. Todos esses jogos incríveis serão lançados na App Store no próximo ano.
Tem também um outro jogo, um dos jogos indie mais adorados lançados até hoje, chamado Flower, do diretor criativo Jenova Che e do celebrado estúdio thatgamecompany. Essa experiência de beleza e meditação já está disponível para iOS.
“Os objetivos da Annapurna são similares”, explica Jenova. “Queremos levar experiências de entretenimento bem produzidas e tocantes para novos públicos, investindo em jogos menos tradicionais. Por isso, estamos empolgados em colaborar com eles”.
Esposito, que deixou uma grande desenvolvedora para criar Donut County, repete o entusiasmo de Jenova.
“A Annapurna tem bom gosto”, brinca. “Fica claro que eles valorizam a voz e a visão de cada criador acima de tudo – e celebram suas idiossincrasias”.
“É praticamente a antítese de como as coisas funcionam nas grandes empresas de videogame. Lá, as marcas comandam o trabalho do criador”, diz Barlow, que foi designer chefe do aclamado Silent Hill: Shattered Memories, para o Wii, antes de deixar tudo para trás e passar a criar jogos de maneira independente. Depois do sucesso de Her Story, ele não precisava colaborar com uma nova produtora, mas a Annapurna o fez mudar de ideia.
“Não teria como escolher um parceiro melhor para continuar a subverter as formas de combinar filmes e jogos. Fui sincero sobre o quanto Telling Lies seria arriscado e desafiador assim como foi Her Story, em 2014, e ninguém se preocupou”, diz. “E vendo as outras pessoas com quem eles estão trabalhando, é como misturar a Liga da Justiça e os Vingadores em um único jogo”.
“Buscamos jogos que tenha um olhar único de seus criadores e que redefinam as fronteiras na forma de contar histórias”, explica Gary, que participa da crescente equipe de artistas da Annapurna. “Para nós, isso significa despertar o interesse de uma gama maior de jogadores, que talvez nem se considerem jogadores. A gente sabe que o tempo das pessoas é precioso, por isso focamos em jogos que valorizam esse tempo e criam experiências significativas”.